“Na carteira chama dinheiro/No automóvel, proteção/ Na gargantilha, saúde/Na geladeira, harmonia/No bolso esquerdo, paixão”
Foi no embalo destes versos que conheci a artesã Nilza Bezerra e a Bonequinha da Sorte no Círculo Operário de Gravatá apresentado por Dona Maria da Paz e seu assessor Mário Sérgio. Diante de mim, a criadora e a criatura. Ali, também era estabelecida uma relação de paixão. Vivíamos 2011 e eu estava como Secretário de Turismo e Cultura de Gravatá.
Nestes 2023, a Bonequinha chega ao topo com o reconhecimento de Nilza Bezerra como Patrimônio Vivo de Pernambuco. Longo, mas vitorioso caminho. Para isso, contou com o decisivo apoio do Prefeito Joselito Gomes que através da SECTURCEL – Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer inscreveu Nilza e adotou a Bonequinha como símbolo do município figurando em todos os marcos turísticos da cidade.
Quando conheci a Bonequinha da Sorte, ela já tinha ganhado o mundo, sem qualquer programação e precisava ser institucionalizada. Ela não era reconhecida sequer como símbolo de Gravatá. O então Prefeito Ozano Brito Valença queria divulgar a cidade e me deu carta branca. Sai pelo Brasil e pelo mundo divulgando a Bonequinha da Sorte. Sem improvisações.
O sucesso da Bonequinha da Sorte ultrapassou as fronteiras brasileiras. Já fora sucesso na Europa. Precisamente na Holanda. No Brasil, foi divulgada em todos os Congressos da ABAV, na época fixo no Rio de Janeiro; nos Salões de Turismo de São Paulo, nas BNTMs de Natal e São Luiz; no Festuris – Festival de Gramado (RS); na Feira Sport and Adventure (SP). Nas Exposições da CVC acontecidas no Expor Center Norte – SP. A historinha da Boneca teve versão em inglês, em francês e em italiano. Compareceu ao Brazilian days de 2011 e 2012 através de Vilma Monteiro, então Presidente do Instituto Cultural. Sucesso consagrador fez como “A Pastorinha” no Natal Luz/2011que foi vivido por Gravatá. Uma emoção!
Era preciso, no entanto, garantir a titularidade da Bonequinha da Sorte e partimos para lutar no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. O deferimento foi outorgado por aquele órgão em 31 de janeiro de 2017 e a concessão liberada, em 1º de março do mesmo ano. A luta foi grande. Foram quase seis anos. O que menos importa é quem teve a ideia e quem eram os administradores da época. Importa a vitória do povo gravataense. A artesã que concebeu a Bonequinha da Sorte, Nilza era sempre destacada. Mas, não poderíamos tentar registrar em nome de apenas uma pessoa física porque perderia a disputa. Desde outubro de 2011, através do Círculo de Trabalhadores Cristãos de Gravatá foi iniciado um longo e disputado processo. O escritório de advocacia de Gustavo Escobar foi contratado. A demanda enfrentou oposições até do poderoso Jockey Club de São Paulo. O milionário clube paulista tentou obter o registro da marca e a patente da Bonequinha da Sorte. A cidade agrestina venceu. Viva Gravatá!
O tempo passou. Através da Resolução nº 1.574, de 29 de abril de 2019, a Assembleia Legislativa de Pernambuco – ALEPE confere ao município, o Título Honorifico de Capital da Bonequinha da Sorte, projeto da então Deputada Priscila Krause (Cid), atual vice-governadora do Estado. Gravatá é, portanto, a Terra da Bonequinha da Sorte.
Feliz o destino turístico que tem uma marca que o distingue com exclusividade e o difere de quaisquer atrações no mundo do turismo. Completo é aquele polo turístico que tem patenteado um símbolo cultural. Este é o caso de Gravatá.
O melhor, todavia, é viver a alegria de ter a Bonequinha da Sorte como patrimônio. Não há cidade do Acre ao Rio Grande do Sul que possa contestar a marca. O poder municipal preservou esta vitória. Apostamos no bom senso. O atual Prefeito Joselito Gomes comprova, com atitude, porque a cidade ganhou um símbolo e a artesã, uma referência ao seu trabalho.
Felizes e orgulhosos, temos o que comemorar. Pois só restava o reconhecimento do Governo Estadual. Nilza, artesã criadora da Bonequinha da Sorte, é Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Este artigo foi publicado na Folha de Pernambuco edição de 03/10/2023, escrito por Ricardo Guerra, associado da ABRAJET PE